As consequências das intensas chuvas no Rio Grande do Sul têm sido devastadoras para os produtores rurais, especialmente aqueles envolvidos na colheita da soja. Um exemplo é o produtor rural Dirceu da Costa, de Santo Antônio da Patrulha, que relata uma situação preocupante em sua lavoura.
Com a média de 1000 mm de chuva somente no mês de maio, equivalente ao volume anual habitual, grande parte da área de Costa ficou coberta por lama e poças d’água. Suas plantas de soja, que já estavam sendo colhidas, ficaram submersas por cerca de 20 dias, resultando em danos severos à produção.
Nesta safra, Costa plantou 1.150 hectares com soja, apostando exclusivamente na oleaginosa em áreas que antes eram dedicadas ao cultivo de arroz. No entanto, as chuvas incessantes interromperam seu trabalho, levando-o a replantar duas vezes devido às condições climáticas adversas. Além disso, apenas 200 hectares estavam segurados, o que aumentou significativamente suas perdas financeiras.
Costa lamenta a situação, mencionando que não conseguirá lucrar com a soja este ano devido aos altos custos com frete, colheita e secagem dos grãos, que não serão cobertos pelo valor de mercado da produção. No entanto, ele precisa remover a soja danificada da lavoura para evitar problemas futuros, já que planeja plantar azevém e introduzir gado na área.
A situação não é única de Costa. Outros sojicultores na região sul também enfrentam desafios semelhantes, com a qualidade dos grãos retirados da lavoura sendo prejudicada pelas condições climáticas adversas. O produtor Jorge Dutra, por exemplo, está peneirando e secando os grãos que conseguiu colher, mas enfrenta dificuldades para encontrar maneiras viáveis de comercializar um produto de qualidade inferior.
Dutra relata que seu silo na propriedade não é suficiente para armazenar toda a soja colhida, e as empresas que costumava levar sua produção não estão aceitando os grãos devido à baixa qualidade. Essa situação compromete não apenas os lucros dos produtores, mas também suas reservas financeiras, que já foram reduzidas nos últimos anos devido aos custos crescentes da atividade agrícola.
O desastre causado pelas chuvas no estado ressalta a importância de medidas de apoio e assistência aos agricultores afetados, bem como a necessidade de investimentos em infraestrutura e tecnologia para enfrentar desafios climáticos cada vez mais frequentes e intensos. A resiliência e adaptação dos produtores serão fundamentais para superar esses momentos difíceis e garantir a continuidade da produção agrícola no Rio Grande do Sul.
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